Uma rara cruz-relicário produzida no Japão em finais do século XVI, uma escultura portuguesa do século XV/XVI representando as Santas Mães, e uma capa de secretária da rainha D. Maria Pia, são apresentadas a 12 de novembro, pelas 18h00, na Sala das Pegas, com a participação de especialistas.
Os factos relacionados com os reis e as rainhas que viveram no Palácio Nacional de Sintra são a faceta mais divulgada da sua história. No entanto, o seu percurso de cerca de mil anos é marcado por outros episódios menos conhecidos, mas muito relevantes, que importa revelar a quem visita o monumento, como a receção à primeira embaixada do Japão a Portugal, que ali teve lugar em 1584, ou aspetos do culto religioso que orientaram a educação das damas da corte.
Para proporcionar estas narrativas aos visitantes, a Parques de Sintra adquiriu três novas peças, que apresenta esta quarta-feira, 12 de novembro.
O encontro entre Portugal e o Japão numa peça rara
A exposição permanente do Palácio Nacional de Sintra passará a integrar uma rara cruz-relicário Namban — apenas se conhecem oito exemplares em todo o mundo —, datada de finais do século XVI, que foi produzida no Japão para uso cristão. A peça constitui um elo material direto com um dos episódios diplomáticos mais marcantes da história do monumento, pois é contemporânea da Embaixada Tenshō, a primeira embaixada do Japão a Portugal, que ali foi recebida pelo vice-rei Alberto de Áustria, em 1584.
Esta cruz-relicário é um testemunho da circulação de símbolos religiosos europeus reinterpretados segundo técnicas e estética locais (urushi, decoração vegetal), simbolizando o diálogo intercultural que a embaixada procurou estabelecer. A sua aquisição confere visibilidade a um episódio da história global em que Palácio Nacional de Sintra foi palco central; um espaço de encontros entre Portugal e o mundo. A peça será apresentada por Alexandra Curvelo, diretora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa.
Um modelo de virtude para as jovens damas da corte
No final da Idade Média, o Paço de Sintra era o centro de um território gerido pelas Rainhas de Portugal, onde muitas damas da corte foram educadas de acordo com as referências da virtude cristã, como Santa Ana e a Virgem Maria, sua filha. A partir de agora, o Palácio Nacional de Sintra terá no seu acervo uma escultura portuguesa das Santas Mães ou Sant’Ana Tríplice, elaborada em pedra de Ançã, no século XV/XVI, que ilustra o culto mariano e as práticas religiosas nos espaços palacianos, reforçando a leitura espiritual do quotidiano da corte. A imagem da Nossa Senhora coroada com o Menino corresponde a uma devoção central para a monarquia portuguesa, pelo que imagens como esta existiam necessariamente nos vários espaços de oração e recolhimento do Palácio. A incorporação desta escultura de elevada qualidade artística no circuito expositivo do monumento permite, assim, uma aproximação mais autêntica à cultura material e devocional da realeza e da nobreza, no Paço de Sintra, nos séculos XV e XVI. Maria João Vilhena, conservadora do Museu Nacional de Arte Antiga, fará o enquadramento histórico e artístico desta peça.
Luxo francês ao serviço da rainha D. Maria Pia
A rainha D. Maria Pia foi a última monarca a habitar o Palácio Nacional de Sintra e a sua memória permanece viva até aos nossos dias. Para reforçar a exposição permanente dos aposentos da rainha, proporcionando aos visitantes uma visão mais abrangente do seu gosto, a Parques de Sintra comprou uma capa de secretária que lhe pertenceu. Elaborada em pele tingida de verde, com aplicações em prata relevada e o monograma da rainha encimado por coroa real, é um objeto de luxo francês do século XIX/XX, que exemplifica o tipo de peças que D. Maria Pia usava no seu quotidiano. A apresentação da capa de secretária com monograma de D. Maria Pia estará a cargo de Teresa Maranhas, conservadora do Palácio Nacional da Ajuda.
Saiba mais, AQUI.
Imagem: DR_PSML_ ©Cabral_Moncada_Leiloes




