Foram várias as figuras românticas que passaram por Sintra. Da Literatura à Música, a vila de Sintra inspirou várias figuras e deslumbrou outras tantas, com o seu ambiente místico e envolvente. Vultos da cultura romântica nacional e internacional não só deixaram a sua marca em Sintra, mas sobretudo deixaram Sintra marcada nos seus testemunhos culturais.
Sintra no Romantismo português
Teve como marco inicial a publicação do poema Camões, de Almeida Garret, em 1825.
Almeida Garret, que com Alexandre Herculano foi o introdutor do Romantismo em Portugal evoca Sintra: "umbrosa Sintra", a "formosa Sintra", o "saudosíssimo retiro", a "amena estância, / trono da vicejante primavera, / Quem te não ama? Quem, se em teu regaço / Uma hora da vida lhe há corrido, / Essa hora esquecerá?".
Muitos outros escritores portugueses deixaram no papel as suas impressões sobre Sintra, Bulhão Pato, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, António Nobre e Fernando Pessoa, passando por Raul Brandão, Manuel Teixeira-Gomes, Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro e Vergílio Ferreira. Fernando Pessoa aumentou ainda mais a aura misticista de Sintra ao encontrar-se em Sintra com Aleister Crowley, um místico mago inglês, que em Sintra viu o local ideal para o ocultismo. Ou Ferreira de Castro, que está enterrado na Serra. Haverá, de resto, atitude mais romântica que pretender ficar sepultado em plena Natureza, num caminho que vai dar ao Castelo dos Mouros, à beira de quem passa?
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(...) os passeios por Seteais ao luar, devagar sobre a relva pálida, com grandes descansos calados no Penedo da Saudade, vendo o vale, as areias ao longe, cheias de uma luz saudosa, idealizadora e branca; as sestas quentes, nas sombras da Penha Verde, ouvindo o rumor fresco e gotejante das águas que vão de pedra em pedra; as tardes na Várzea de Colares, remando num velho bote, sobre a água escura da sombra dos freixos."
O Primo Basílio "Mas a estrada entrava entre dois altos muros paralelos, donde soluçavam ramagens murmurosas. Era o Ramalhão.
O ar parecia mais fino, como refrescado da abundância das águas. Sentia-se uma vaga serenidade de parques e arvoredos. Alguma coisa de suave e de elegante circulava. Havia o silêncio dos repousos delicados e das existências ociosas. Era o Ramalhão."
A Tragédia da Rua das Flores
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Os Maias "E todo esse Verão o passou na capital; depois em Sintra, onde o negro langor dos seus olhos húmidos amolecia corações."
A Ilustre Case de Ramires
"Depois, uma manhã, cortando a vaga azul, avistaria a serra fresca de Sintra; as gaivotas da praia vinham dar-me o grito de boa acolhida."
A Relíquia
A Relíquia
"No dia seguinte, num momento de enternecimento, querendo dar à sua felicidade um quadro mais poético, Godofredo propôs que fossem passar uns dias a Sintra. Foi uma lua-de-mel. Estavam na Lawrence, onde tinham um pequeno salão só para eles. Levantavam-se tarde, bebiam champanhe ao jantar e beijavam-se às escondidas, pelos bancos, debaixo das árvores."
Alves & Cª
Sintra no Romantismo Internacional
Alves & Cª
Sintra no Romantismo Internacional
Os jovens estetas do Norte da Europa, por motivação própria ou forçados pela força das circunstâncias de uma vida acidentada, tinham no Grand Tour pelas raízes clássicas do Ocidente, Itália e Grécia, o rasgar dos horizontes fechados e nos países da Ibéria, os resquícios dum exotismo de fundamentos medievais e de cunho mourisco. Sintra inscreve-se neste itinerário, concitando a admiração de inúmeros homens de letras, os mais significativos dos quais passaremos descrever:
William Beckford, aristocrata riquíssimo e culto, autor da novela gótica Vathek, aporta a Lisboa em 1787 e quando da sua visita a Sintra, classificou-a como "Vasto templo da natureza". Na década seguinte tornou-se arrendatário do Palácio de Monserrate e sua quinta.
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"Lo! Cintra's glorious Eden intervenes
In variegated maze of mount and glen.
Ah me! what hand can pencil guide, or pen,
To follow half on which the eye dilates
Through views more dazzling unto mortal ken
Than those whereof such things the bard relates,
Who to the awe-struck world unlocked Elysium's gates?"
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